segunda-feira, 23 de julho de 2007

Trilha revela patrimônio imaterial do Recife Afro

Na Rua da Guia, ficava a primeira senzala da cidade e na Bom Jesus, o comércio de escravos

Muitos acreditam que o Pelourinho é apenas um bairro famoso de Salvador, mas o Recife também já teve suas histórias de escravidão e resistência. Ao percorrer a trilha Recife Afro, o visitante não vai encontrar construções que remetam ao passado de pelourinhos e senzalas. O maior patrimônio, contudo, é o imaterial, que transborda na música, nas danças, na religiosidade.

Na Rua da Guia, ficava a primeira senzala da cidade. A segunda senzala foi instalada na Rua Álvares Cabral. Já na Rua do Bom Jesus ficava o comércio de negros escravos. Houve um tempo em que até 500 pessoas eram vendidas por dia. O pelourinho, onde os africanos eram açoitados, ficava no cruzamento da Rua Vigário Tenório e Maria César. Estima-se que mais de dois milhões de pessoas tenham sido seqüestradas na África e trazidas para cá em trabalho escravo.

Se hoje a cidade é conhecida pelo sincretismo religioso, no período colonial era proibida a prática de religiões afro. Vários terreiros foram saqueados. Os negros simulavam o culto católico com adoração a santos católicos, que, na realidade, representavam orixás. O mais antigo terreiro do Recife fica no bairro de Água Fria, o sítio do Pai Adão. Já o maior exemplo de local de resistência é o Pátio do Terço, onde hoje funciona o pólo Afro. No espaço, convivem as “tias do Terço”, tradicionais figuras do candomblé recifense.

De acordo com a coordenadora de projetos da Secretaria de Turismo do Recife, Ana Cristina Morais, o Recife Afro é uma das principais raízes de nossa formação cultural. “Com o programa, estabelecemos um elo entre os moradores, o turista e a cidade, incrementando a hospitalidade e despertando o verdadeiro amor que o Recife merece ter de seu povo e dos visitantes.” As caminhadas nas ruas históricas do Recife Antigo visam gerar um incremento na movimentação dos finais de semana no Bairro do Recife, além de elevar a auto-estima da população e valorizar o patrimônio histórico.

O passeio pelo Recife Afro passa pela Rua Rodrigues Mendes, Rua Domingos Martins, Av. Barbosa Lima, Rua da Guia, Rua Dr. Mário César, Rua Álvares Cabral, Rua Madre de Deus, Rua da Moeda, Rua Mariz e Barros, Rua Vigário Tenório, Praça do Marco Zero, Av. Rio Branco e Rua do Bom Jesus.

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